A inocência que faz chorar

“[…]É verdade que existe inocência da vida.
Uma inocência que faz chorar.

[…] Se não houvesse coisas assim, a escrita não teria lugar. Mas mesmo que a escrita esteja ali, sempre prestes a gritar, a chorar, não a escrevemos. São emoções dessa ordem, muito sutis, muito profundas, muito carnais, também essenciais e completamente imprevisíveis, que podem nutrir vidas inteiras no corpo. A escrita é isso. É o fluxo da escrita que passa pelo seu corpo. Atravessa-o. É daí que partimos para falar de emoções que são difíceis de dizer, tão estranhas e que, no entanto, de súbito se apoderam de nós.” [Marguerite Duras, A Morte do Jovem Aviador Inglês]

Estava a ler esse texto em janeiro de 2023, quando recebi a triste notícia que Julien, esse jovem amigo, havia nos deixado.

Não sabemos precisamente o que acontece quando um ser humano morre. Sabemos apenas que ele nos deixou.

Sabemos também   o que há de mais efêmero e, ao mesmo tempo, mais significativo na existência do Julien – a sua voz e a sua dança – depende agora da nossa recordação e da nossa homenagem.

Recordamos através da nossa convivência com a vida do Julien. Começamos com uma conversa que faça ressoar a presença dele novamente em nós, entre nós e no mundo.

Estamos começando aprender, com essa nossa convivência, muitas coisas sobre a vida do Julien.

E mesmo que estejamos partilhando da tristeza da sua ausência aqui agora, podemos reconhecer que seu amor ressoa no coração de todas as pessoas que se conectaram com sua inocência, e, a sua insustentável leveza de ser.

Para Julien, que hoje completaria 28 anos de vida.

Com amor eterno de sua amiga, Ida.

#margueriteduras #hannaharendt #milankundera

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