Um Deus que dança

Ida Mara Freire

Título do livro do escritor português José Tolentino Mendonça, inspirado em Nietzsche, que escreveu  que só acreditaria num Deus  que dançasse.  Sim, eu acredito num Deus que dança e que doa também, e me convida para dançar e doar todos os dias, em silêncio, no jardim, com quem está próximo ou distante de mim.
Neste período de natividade  e de recomeço de ano escrevo aqui umas orações do livro de José Tolentino que revelam as qualidades de um Deus  doador e dançarino.
 
Que segredo tem o Natal?
“Pergunto-me, Senhor, que segredo tem o Natal? Há um milagre que acontece dentro de nós, só pode ser um milagre, pois é como se a vida se reacendesse. Contemplando o presépio, percebo que este é um milagre humaníssimo que Deus suscita aos nossos olhos. Ele amou-nos tanto que nos deu o seu próprio Filho. O milagre do Natal assenta sobre esse dom absoluto, que nos faz perceber que só somos à medida que nos damos. E que  vida renasce, como dádiva, na ponta dos dedos, no olhar, nas palavras.”
Todos os dias a vida recomeça
“É bom saber, Senhor, que todos os dias a vida recomeça. A força criadora da vida não se empalidece no labirinto dos afazeres, nem destroem a turbulência de certas geografias ou a penumbra de algumas horas. A vida, a nossa vida, mesmo frágil e trêmula é soberana. Pode sempre se refazer, se transfigurar, se vestir de música súbita. A vida parece-se à dança, humilde e fantástica, que os pássaros desenham – coisas para sabermos antes de todas as aprendizagens. ”
Que na dança a vida recomece em cada passo e em cada gesto de doação…