O preconceito invisível

 
O  premiado artista Sérgio Adriano H. chega à Grande Florianópolis para desenvolver a exposição/ação “O Visível do Invisível” que consiste, a partir de um modo expositivo diferenciado, estimular uma reflexão sobre arte e racismo. O projeto de circulação ocupará a Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis, no dia 18 de novembro, entre às 12h e 19h.
O preconceito de racismo é invisível, só é sentido e visível pelo atingido, pela pessoa em questão. Invisível para muitos, visível para todos os negros, amarelos, vermelhos, que não estão dentro do estereótipo de uma sociedade banalizada por questões de beleza e cor de pele. O racismo está embutido em falas habituais do cotidiano, ‘serviço de preto’, ‘preto de alma branca’, ‘branco de alma preta’”, diz o artista que quer com o projeto começar uma discussão sobre o racismo “que perpassa pelo preconceito e culmina na construção do ser”.
Sérgio Adriano H., nascido em Joinville (SC) em 1975, é artista visual, pesquisador e produtor cultural. Vive, estuda e produz entre as cidades de Joinville e São Paulo.  Formado em artes visuais, mestre em filosofia (Faculdade de São Bento/SP – 2016), integra o Grupo P.S. com a artista Priscila dos Anjos e tem obras em acervos públicos e particulares.  Legitimado pelo edital de estímulo cultural Elisabete Anderle 2014, na categoria Artes e Cultura Negra e Indígena, ele quer estimular uma reflexão sobre arte e racismo justo no período que antecede o dia 20 de novembro, data que lembra Zumbi dos Palmares (1655-1695), símbolo da resistência negra contra a escravidão. A mostra reúne 12 trabalhos, duas séries de seis, intitulados “Preto de Alma Branca” e “Branco de Alma Preta”.
Criados solitariamente em estúdio, os autorretratos do artista revelam o seu rosto pintado de dois modos, ora todo de branco e com choro de lágrimas negras, ora em tom negro e lágrimas brancas. Potentes, as imagens emolduradas em PVC (80×1,20m) são ordenadas no meio da rua ou não, seguindo um conceito de exposição movente, uma prática adotada por Sérgio Adriano H. que costuma conduzir obras em maletas acondicionadas em um suporte móvel (carrinho). No contato com o público, veste um elegante paletó. A ideia é alcançar os passantes ou espectadores, captá-los ou não para uma ação, no conceito dado pela pensadora Marilena Chauí, ou seja, algo capaz de reverberar, retirando as pessoas de uma condição passiva.  Sob a luz de outros teóricos, o artista também gostaria de “transcender o ver para o olhar e o escutar para o ouvir”. Se algum curioso parar e perguntar “o que é isso?”, ele já está na condição de formulador de perguntas.
Metáfora sobre a vida e a constituição do ser negro, os autorretratos evocam a dimensão de uma verdade histórica negada pela sociedade brasileira. Trauma pouco discutido, a escravidão segue como negada, embora a comprovada invisibilidade dos negros e o furor conservador contrário à implantação de uma política afirmativa nesse campo.
Bibliobrafia:
CUMMING, Robert. Para Entender a Arte. São Paulo: Ática, 1996.
CHAUI, Marilena. Introdução à história da filosofia: as escolas helenísticas, volume II. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
WOOD, Paul. Arte Conceitual. São Paulo, Cosac & Naify Edições, 2002.
SERVIÇO
O quê: Projeto “O Visível do Invisível”
Quando: Dia 18.11.2016, 12h às 19h, rua Visconde de Ouro Preto, 216, Florianópolis, tel.: (48) 3224-8846
Quanto:  Gratuito
Saiba mais: Facebook/ovisiveldoinvisivel e http://ovisiveldoinvisive.wixsite.com/ovisiveldoinvisivel
Assessoria de imprensa: Néri Pedroso (jorn.) [email protected]
Contatos:
Sergio Adriano H: (11) 94265-5179 instagram: sergio_adriano_h