Você já parou para pensar como seria você olhar para uma cicatriz e falar eu não sou Pablo Neruda mas confesso que vivi! Como posso transformar minhas memórias corporais? Quem de vocês tem alguma cicatriz que incomoda vocês? Eu tenho várias, uma bem recente até… mas essa eu vou falar outro dia. E vocês vão saber porque. Hoje eu quero falar de uma cicatriz no meu pé direito. Eu não tinha um ano de idade, quando queimei meu pé engatinhando no quintal.
Como conta minha mãe… eu engatinhava no quintal perto do fogão à lenha que minha mãe fervia roupa. Eu ia atrás do meus irmãos e irmãs. Minha mãe conta, que eu chorava de dor e ninguém sabia o motivo. Só foram descobrir quando minha mãe foi me dar banho. Com isso eu demorei para caminhar sozinha, tinha medo de me queimar novamente. Entre os seis irmãos, fui a filha que mais demorou para caminhar, fui fazer isso com dois anos de idade.
Essa historia veio à memória quando recentemente, participei de uma cerimônia de inspiração indígena de andar sobre as brasas. Foi durante a minha formação em Liderança para Mulheres com a Mentora Sage Lavine, em Scott Valley, Califórnia, E.U. – que me deparei olhando para o fogo e me perguntando quais seriam as minhas reais motivações para arriscar-me andar sobre as brasas, a resposta veio silenciosa como um pensamento é: Você já andou sobre as brasas!
Assustei-me com essa lembrança, e a cicatriz no meu pé direito, tomou nova dimensão. Sim, já conheço o poder do fogo em meus pés. E assim, decidi caminhar, a primeira vez, fiz o trajeto lidando com o medo infantil que ainda havia em mim. Em seguida, andei de mãos dadas com uma amiga, que precisava de coragem para fazer a travessia . Na terceira vez, caminhei com minhas três amigas colaboradoras. Por fim, uma última vez, caminhei sobre as brasas com a palavra compromisso. Como isso reverbera na pessoa que sou hoje: Eu aprendo a lidar com o medo, posso em alguns momentos usar o medo como guia, mas, escolho o amor. Escutar a minha criança interior e oferecer minhas mãos e perguntar para ela: Vamos? Sim, o meu compromisso com o amor deve ser maior que o meu medo.
Quais seriam os #3 segredos? Primeiro, ao contar essa história, foi me exigido
a clareza mental, aliada à um coração compreensivo. Segundo, o caminhar sobre o fogo me proporcionou liberdade de expressão, passar quatro vezes pelas brasas, já me fez dançar essa história com criatividade, presença e alegria. Terceiro, ao compartilhar essa história com vocês, favorecida pela confiança da escuta permite me reconciliar com meu passado dolorido.
E estou aqui para oferecer para vocês um processo criativo para vocês transformarem as memórias corporais de vocês e vivenciar o poder da alegria. Esse processo são as Jornadas da Primavera, assunto do próximo post.
Em que momento de sua vida que você transformou uma memória corporal?