Vamos Meditar no Natal

“No Advento, podemos não saber se estamos chegando a Deus ou se Deus está vindo para nós e a conclusão deve ser que ambos os movimentos são inseparáveis.”
Medite por Trinta Minutos
Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxada(o), mas, atenta(o). Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração “Maranatha”. Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense, nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.

Lucas 1, 39-45
Naqueles dias, escreve Laurence Freeman, “Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?
Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.
Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!
Os Evangelhos das últimas três semanas tiveram um elenco masculino, refletindo o mundo, dominado pelos homens, da cultura do Oriente Médio, no qual nasceria o tão esperado Jesus. Este evangelho muda completamente para o mundo das mulheres, para duas mulheres grávidas que aprenderam o significado do Advento – esperar, orar e ter suas mentes transformadas.
São Lucas é, para sua época, surpreendentemente, talvez unicamente, sintonizado com mulheres, pobres, marginais e crianças – ou seja, com todos aqueles que, no mundo de seu tempo, eram normalmente negligenciados ou desvalorizados. Sua atenção para com eles reflete as boas novas de Jesus de que à luz de Deus, simplesmente não há marginais, não há segunda classe, não há grupos descartáveis. Nossa preocupação contemporânea – no que resta da democracia liberal – com minorias, igualdade de direitos para as mulheres, e justiça econômica também pode – ainda que com menor profundidade de compreensão -, refletir essa sabedoria da igualdade universal. Assim, mesmo que a natureza não seja justa na maneira de distribuir seus dons, os seres humanos podem ser justos na maneira como protegem e respeitam os menos afortunados.
Apesar das diferenças culturais, a justiça é um instinto inato que emerge da bondade essencial da natureza humana. Essa bondade é Deus, e revela a capacidade do ser humano ser divinizado, assim como a criança que pulou no ventre de Isabel, na presença do embrião em Maria, dá testemunho da capacidade divina de se tornar carne. No Advento, podemos não saber se estamos chegando a Deus ou se Deus está vindo para nós e a conclusão deve ser que ambos os movimentos são inseparáveis.
Séculos de pinturas da Visitação mostram o abraço da jovem Maria e da mulher mais velha, Isabel. Quando João, o filho de Isabel, pulou, Maria, sua parenta, ouviu outra declaração do significado de seu próprio filho. Novamente ela não diz nada, mal entendendo alguma coisa do mistério em que foi envolvida.
Na Anunciação, Maria apenas disse “Sim”. Nas histórias do nascimento, do exílio e do retorno a Nazaré, ela fica em silêncio. Ela repreende o menino Jesus por causar ansiedade quando ele desaparece no Templo e ela fala com ele na festa de casamento. Fora disso, sua presença luminosa nos evangelhos é silenciosa, consciente, preocupada, comprometida mesmo aos pés da Cruz, com aquele que ela e o mundo haviam esperado. Seu silêncio na presença do mistério é o modelo de contemplação para o nosso próprio tempo, que muitas vezes oscila entre reducionismo e superstição.
É claro que sabemos pouco ou nada das origens históricas de histórias simbólicas como essas, e nunca saberemos. Mas isso não nos faz menos capazes de sermos despertados e comovidos pela realidade que expõem. A mente do Advento é holística, aberta a profundos e belos símbolos evocativos que transmitem a verdade intuitiva e diretamente. Sentimos algo pular em nós, mas ainda não conseguimos vê-lo completamente.
O advento, afinal, é sobre gestação, a experiência de uma presença invisível no ventre do nosso espírito.Isso é poderoso em si mesmo – assim como nossa meditação silenciosa, na qual o processo de crescimento é geralmente conhecido apenas através de seus frutos. O nascimento é outro estágio da auto-revelação da realidade, provando o que sabíamos sem saber. Entretanto, mesmo o nascimento não resolve a questão, pois amplia ainda mais o mistério.”
Fonte:http://www.wccm.com.br/advento-2018

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